
- 11.11
- 2024
- 17:30
- Samara Meneses
Formação 703w3z
o à Informação 30m
Conheça as técnicas que os jornalistas usaram para investigar candidatos eleitos em 2024 3sj64
Foi realizado o webinar "Como investigar candidatos eleitos nas eleições brasileiras de 2024", promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pela Global Investigative Journalism Network (GIJN), na quinta-feira (7 de novembro). O evento contou com a participação dos jornalistas Daniel Weterman, repórter político e econômico do Estado de S. Paulo; Julia Affonso, jornalista investigativa do UOL; Thays Lavor, coordenadora de dados da InfoAmazonia e integrante do conselho fiscal da Abraji; e Vanderlei Filho, fundador do portal Zero Hora News, de Teixeira de Freitas, na Bahia. Juntos, eles discutiram como os jornalistas podem garantir uma cobertura eleitoral crítica e eficaz. A moderação da conversa foi feita por Reinaldo Chaves, coordenador de projetos na Abraji. A DivulgaCand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é uma ferramenta essencial para os jornalistas cobrirem as eleições, conforme apresentado pelo jornalista Daniel Weterman. Com dados sobre as candidaturas de todo o país, tanto nas eleições gerais quanto nas municipais, a plataforma fornece informações detalhadas sobre os candidatos, como o local onde estão concorrendo, o número que aparece na urna, quem são os fornecedores e os doadores das campanhas, além de indicar onde o dinheiro arrecadado está sendo gasto e o limite de despesas permitido. Também traz a lista de bens de cada candidato. “Investigar os gastos de campanha e as atividades eleitorais é sempre um grande desafio, devido ao grande número de candidatos e a enorme quantidade de recursos públicos. Por isso, o trabalho do jornalista é essencial, pois, muitas vezes, é ele quem descobre escândalos de corrupção ou má istração dos recursos públicos e traz essas informações à sociedade”, disse Weterman. Assim como Weterman, a jornalista Julia Affonso explicou ser crucial que jornalistas saibam como extrair informações de processos judiciais e utilizá-los como fontes documentais. Ela mencionou, além da plataforma DivulgaCand, as ferramentas JusBrasil e Processo Rápido como recursos importantes para esse tipo de investigação. 5r6z73
Apresentação de Julia Affonso na webinar "Como investigar candidatos eleitos nas eleições brasileiras de 2024"
Affonso sugeriu que, ao começar a checagem, é válido usar o DivulgaCand para verificar se o candidato tem algum processo, e, então, buscar mais informações sobre ele no JusBrasil, utilizando o número da ação. No JusBrasil, além de visualizar os documentos diretamente na plataforma, é possível ar o conteúdo completo quando disponível. No entanto, se o processo estiver arquivado ou for confidencial, o o pode ser limitado.
Desde 2023, a Abraji firmou uma parceria com o JusBrasil para facilitar o o de seus associados a processos judiciais. Essa colaboração foi estabelecida para apoiar a defesa do o a informações de interesse público, que muitas vezes são de difícil o e podem dificultar o trabalho de jornalistas. Os jornalistas interessados podem associar-se por aqui e se inscreverem por meio deste formulário para ar a plataforma.
Julia Affonso também mencionou que, em tribunais locais, é comum que apenas a decisão final do juiz esteja disponível, e que a íntegra do processo nem sempre seja ível. Por outro lado, tanto o JusBrasil quanto o Processo Rápido oferecem a possibilidade de consultar todo o processo. "Você consegue a íntegra do processo e ler a história completa", afirma a jornalista.
Reeleições acima de 80%
O especialista em licitações e contratos públicos, Vanderlei Filho, destacou que 2024 registrou o maior número de reeleições de prefeitos da história do Brasil, com cerca de 82% dos prefeitos reeleitos, segundo estudo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Em outras palavras, de cada dez prefeitos, oito conseguiram a reeleição. Filho acredita que um dos fatores que contribuíram para esse fenômeno foi a influência das emendas.
Ele ressaltou a importância dos jornalistas conhecerem a Lei 14.133, que regula as licitações, e compartilhou experiências de investigações nas quais conseguiu identificar cotações falsas solicitadas por uma prefeitura. Após a denúncia, a licitação foi revogada. “Isso mostra a importância do nosso trabalho em identificar fraudes”, afirmou Filho.
Além disso, o jornalista enfatizou a relevância do uso de cartórios para investigar irregularidades, destacando como, por meio dessas investigações, foi possível expor fraudes e corrupção, mesmo diante de resistência e processos legais.
Filho também destacou os desafios do jornalismo investigativo: “Nenhuma figura pública, principalmente na área executiva, gosta de ser investigada, mas é nosso dever informar a sociedade sobre a movimentação do dinheiro público. Essa fiscalização é crucial e, infelizmente, muitos políticos não se importam com isso”.
Investigações no geojornalismo
A coordenadora de dados da InfoAmazonia, Thays Lavor, contou as experiências de sua equipe que trabalha há 12 anos cobrindo questões ambientais na Amazônia Legal, utilizando o que chamam de geojornalismo. "Cobrimos muito as questões de delitos, ameaças e irregularidades, tudo com foco na Amazônia Legal. O geojornalismo é como qualquer jornalismo que vocês conhecem, mas ele tem técnicas muito específicas”, afirmou.
A especialista explicou que acompanhar a atuação parlamentar dos eleitos, seja na Câmara dos Vereadores ou na istração de prefeitos, e suas conexões com financiadores de campanha é essencial para a cobertura. Ela enfatizou a utilidade de ferramentas como o DivulgaCand para identificar financiadores de campanha e investigar se esses indivíduos estão envolvidos em infrações ou delitos ambientais.
Ela também indicou a ferramenta CruzaGrafos, da Abraji, para verificações cruzadas e investigações avançadas de dados. Com essa ferramenta, jornalistas podem analisar e expor relacionamentos entre diferentes entidades (pessoas e empresas), mesmo que elas apareçam em diferentes bancos de dados nos repositórios da Abraji.
Apresentação de Thays Lavor
Lavor apresentou como os jornalistas ambientais podem usar o site do IBAMA para suas verificações. Ela explicou que, ao ar o site, é possível realizar buscas tanto por embargos quanto por autuações ambientais e que a plataforma também disponibiliza tutoriais para auxiliar na navegação.
Por fim, destacou que o o às informações é gratuito e que, ao não saber o nome completo do dirigente, é possível buscar pelo nome do imóvel, razão social, F ou CNPJ. Ela também explicou a possibilidade de aplicar filtros pelo estado, município e bioma, o que permite uma busca mais ampla.
Sobre os palestrantes
Daniel Weterman – Repórter político e econômico do O Estado de S. Paulo, baseado em Brasília, com um histórico de investigações significativas. Cobriu escândalos como o orçamento secreto, as emendas Pix e diversas irregularidades no Ministério da Saúde e Ministério das Comunicações, incluindo denúncias contra o ministro Juscelino Filho.
Julia Affonso – Jornalista investigativa do UOL, com foco no governo federal e no Congresso Nacional. Com agens por redações como O Estado de S. Paulo e GloboNews, Julia possui uma vasta experiência em reportagens sobre uso indevido de verbas públicas e transparência.
Thays Lavor – Coordenadora de dados da InfoAmazonia e integrante do conselho fiscal da Abraji, com experiência em reportagens ambientais e checagem de fatos. Já atuou como freelancer para veículos de comunicação como O Globo, UOL e Agência Pública, além de agências de checagem de fatos como Lupa e Aos Fatos.
Vanderlei Filho – Radialista e jornalista investigativo especializado em licitações e contratos públicos. Fundador do portal Zero Hora News, de Teixeira de Freitas, na Bahia, Vanderlei tem mais de 20 anos de experiência desvendando fraudes e irregularidades em contratos de istração pública.
